VAMOS BOICOTAR O CIRCO
Lembro-me do meu tempo de criança, quando chegava um circo na cidade era a maior alegria para a criançada, montávamos plantão no circo e ajudava em algumas tarefas, na montagem pra ver se ganhava algum ingresso, mas a maioria da molecada estava ali só pra zoar mesmo, porque na hora do espetáculo, dava-se um jeito de entrar e o jeito mais prático era passar debaixo do pano (lona que cercava o circo). Meu irmão era fera nisso, eu não, tinha muito medo do palhaço que fazia a guarda, o palhaço era mau, totalmente mau, completamente diferente do palhaço bonzinho do espetáculo, quando pegava alguém vazando o pano enchia-lhe de cascudos.
Uruaçu já foi cenário de grandes historias de circo, mais tem uma que além de muito engraçada, poderia ser trágica, mas de certa forma trágica foi, para um dos protagonizadores da historia, então vou contar-la e vocês entenderão, é o seguinte: Certa vez um circo se aportou em Uruaçu e antes mesmo de ter montado a lona, là estavam dois leões em sua jaula, que não oferecia segurança nenhuma, e bastante famintos, como é comum na maioria dos circos, sentiram o cheiro de carne fresca, da pobre ègua do leiteiro que entregava leite ali por perto, os leões com bastante fome arrebentaram a jaula e partiram para cima da pobre égua, o leiteiro, Seu Murilo meu amigo, sem entender nada começou a gritar “passa til, passa til”, e bater com a pinhola nos leões, porque achava que fossem cachorros, devido a não ter jubas por serem ainda novos, mas já bem grandinhos, nesse tempo alguém gritou “não é cachorro não, é leão”, então seu Murilo despiu-se de toda sua coragem e rumou fora, arrebentou um portão de madeira no peito, quando chegou do outro lado desmaiou, trouxeram água com açúcar e calmantes, mas logo em seguida levaram-no para o hospital, aquilo tinha sido demais para seu humilde coraçãozinho de leiteiro. Enquanto isso, os leões se deliciavam com a pobre egua, comeram, comeram e comeram a egua do Seu Murilo, no sentido literal da palavra.
E assim os leões saciados passaram o resto do dia soltos, dentro de um lote cercado de muro, enquanto buscavam o seu domador em Goiânia, que chegou a tardezinha. Eu que na época tinha 12 anos, passei o dia là e assim uma grande quantidade de gaiatos torcendo para que algo mais acontecesse, e nesse meio tempo veio o carro do Juarez Publicidade, que tocava a musica do Roberto Carlos, “O leão esta solto, foi culpa de seu domador........”
Mas, o que quero falar è coisa seria, nos dias de hoje com tanta evolução não podemos aceitar um animal preso numa jaula 24 horas, sendo a mesma um lugar totalmente desapriopiado, é pequena, suja e não oferece nem nenhum conforto aos animais, isso é quase um massacre para o animal que não tem nenhuma privacidade, sendo exposto ao stress diário, tanto dentro jaula como durante as apresentações. Sem falar que são mal alimentados e não tem cuidados veterinários que merecem. Vivem num lugar insólito, totalmente diferente do seu habitat natural. Não podemos aceitar isso. Os zoológicos já foram, ou estão sento totalmente reformados para que os animais tenham conforto, e carga mínima de stress, os espaços foram aumentados para que os animais possam ter maior liberdade e seus momentos de privacidade, não ficando o tempo todo expostos aos visitantes, que sabemos que aporrinham os animais mesmo. Jogam comida, que não é apropriada a sua alimentação , fazendo isto parecer um verdadeiro Big Brother. Então, conclamo todos organizações ambientais, Geo ambiente, DNA. Pessoas do Green Peace, porque sei que aqui tem ativistas dessa grande corporação e outras pessoas ligadas ao meio ambiente. Vamos a câmara de vereadores pedir que seja aprovada uma lei, que já existe em quase todas capitais e outras cidades. Lei que proíba atividades de circos que possuam animais silvestres como atração. Vamos se mexer galera e dizer a que viemos.
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
CIRCO PARTE TRÊS
Era uma manha ensolarada na pequena cidade de Uruaçu, o leiteiro, Seu Murilo, entregava leite nas casas, como fazia há anos, montado na sua carroça, puxada pela sua eguinha pedrez, corria de casa em casa e buzinava de forma estridente com aquela buzina que para funcionar era preciso apertar como se aperta peito de moça, como diria, era uma verdadeira buzinação e assim seguia, quando sua buzina não era suficiente, gritava também de forma estridente, oia leite, oia leite, pelo menos três vezes, acordando aqueles que acostumava dormir ate mais tarde e assim seguia sua rotina matinal. Mas a manha que tinha tudo pra ser normal, de repente mudou, o destino quis ser cruel com seu Murilo, surgiram dois leões vindo de onde, Seu Murilo não sabia, pularam em cima de sua eguinha, mais propriamente no pescoço ate atingir a sua ”veia arteira”, como diz o dito popular, não sei porque preferiram a égua a Seu Murilo.
Então os leões, ainda jovens, com jubas ainda pequenas , foi o que fez Seu Murilo pensar que não passava de simples cachorrinhos, levados querendo brincar com a sua eguinha, ate o momento que alguém gritou, não e cachorro não é leão, essa parte o leitor já sabia, pois contei na historia passada. Então passamos aos leões, que pra mim eram um casal, e assim chamaremos de Junior e June, nomes simpáticos que escolhi para os leões que paparam a eguinha de Seu Murilo, mais então quando a pobre eguinha já não mais esboçava nenhuma reação, então passaram do pescoço para as partes traseiras, aquelas coxas gostosas e suculentas da pobre eguinha eram comidas pelos leões que de boca cheia pensavam: “está sendo a melhor refeição que já tivemos em nossas vidas, carne fresquinha e macia, com direito a escolher as melhores partes, claro escolheram as partes traseiras”.
E assim os leões Junior e June se banquetearam a vontade, e já fartos pularam o murro de um lote baldio, deitaram na sombra de uma árvore para dormir o melhor sono que já tiveram e sonharam, estamos no paraíso, comida farta. Quantos leiteiros estariam entregando leite, neste momento, em suas carroças por esse país a fora? Poderíamos comer uma eguinha por dia, um detalhe, não beberam água não, será que os leões são parentes dos camelos que consomem pouca água? Mas isso é apenas um detalhe. Estavam inebriados de liberdade, pois aquele murro, pulariam como num passe de mágica, e em dois tempos estariam do outro lado. Mas o que fazer com tamanha liberdade? Estavam acostumados a viver no pequeno espaço daquela jaula, fétida de 2x3 metros. E agora, tínhamos o mundo para desbravar, e o que fazer? Podiam dar um passeio por aquela selva de pedra, a cidade. E matar um homem ou mulher e comê-los. Pois na África a terra mãe dos leões, leão se torna perigoso quando já matou um homem, pois assim perdem o medo e descobre que o ser humano é frágil e indefeso. A não ser quando estão armados. Mas não, preferiram ficar ali naquele cercado. E nisso ia juntando gente, um bando de curiosos que arriscavam a vida para verem dois leões soltos. A tal da curiosidade mata. Os mais corojasos chegavam bem próximos e enxergavam os leões deitados, e os gaiatos como então, gritavam lá vem os leões, então era aquele tumulto, mulheres atropelavam crianças, adultos atropelavam mulheres, que caiam e se levantavam e continuavam correndo. E eu com apenas 12 anos, também estava lá e já tinha o meu plano. Se os leões viessem de verdade eu correria ate a casa mais próxima e entraria, e se a dona fechasse a porta, faria como Seu Murilo arrebentava a porta no peito, mas explicando, a porta era de madeira já corroída pelo tempo. Então já dentro da casa, esconderia de baixo da cama, no banheiro ou ate mesmo dentro do guarda roupa com fazem os amantes quando pegos de surpresa. Mas isso não aconteceu, e leões permaneceram lá ate a tardinha quando o domador chegou de Goiânia, com a tarefa de recolocar-los na jaula. Então chegou o domador, vestido a caráter e de costeletas grandes , botas de bico fino e um chicote na mão. Pronunciou algumas palavras de comando, e os leões que haviam comido a eguinha de Seu Murilo, entraram na jaula e assim permaneceram toda temporada que o circo esteve na cidade. Pensando bem, acho que os leões imaginaram:” é não nascemos pra caçar, o nosso destino é viver dentro dessa jaula o resto de nossas vidas”. E assim a cidadezinha pacata, localizada no norte de Goiás continuou a sua vidinha de cidade do interior. Mas para o Seu Murilo, a vida nunca mais foi a mesma. E essa historia de leão, nem o do imposto de renda.
Era uma manha ensolarada na pequena cidade de Uruaçu, o leiteiro, Seu Murilo, entregava leite nas casas, como fazia há anos, montado na sua carroça, puxada pela sua eguinha pedrez, corria de casa em casa e buzinava de forma estridente com aquela buzina que para funcionar era preciso apertar como se aperta peito de moça, como diria, era uma verdadeira buzinação e assim seguia, quando sua buzina não era suficiente, gritava também de forma estridente, oia leite, oia leite, pelo menos três vezes, acordando aqueles que acostumava dormir ate mais tarde e assim seguia sua rotina matinal. Mas a manha que tinha tudo pra ser normal, de repente mudou, o destino quis ser cruel com seu Murilo, surgiram dois leões vindo de onde, Seu Murilo não sabia, pularam em cima de sua eguinha, mais propriamente no pescoço ate atingir a sua ”veia arteira”, como diz o dito popular, não sei porque preferiram a égua a Seu Murilo.
Então os leões, ainda jovens, com jubas ainda pequenas , foi o que fez Seu Murilo pensar que não passava de simples cachorrinhos, levados querendo brincar com a sua eguinha, ate o momento que alguém gritou, não e cachorro não é leão, essa parte o leitor já sabia, pois contei na historia passada. Então passamos aos leões, que pra mim eram um casal, e assim chamaremos de Junior e June, nomes simpáticos que escolhi para os leões que paparam a eguinha de Seu Murilo, mais então quando a pobre eguinha já não mais esboçava nenhuma reação, então passaram do pescoço para as partes traseiras, aquelas coxas gostosas e suculentas da pobre eguinha eram comidas pelos leões que de boca cheia pensavam: “está sendo a melhor refeição que já tivemos em nossas vidas, carne fresquinha e macia, com direito a escolher as melhores partes, claro escolheram as partes traseiras”.
E assim os leões Junior e June se banquetearam a vontade, e já fartos pularam o murro de um lote baldio, deitaram na sombra de uma árvore para dormir o melhor sono que já tiveram e sonharam, estamos no paraíso, comida farta. Quantos leiteiros estariam entregando leite, neste momento, em suas carroças por esse país a fora? Poderíamos comer uma eguinha por dia, um detalhe, não beberam água não, será que os leões são parentes dos camelos que consomem pouca água? Mas isso é apenas um detalhe. Estavam inebriados de liberdade, pois aquele murro, pulariam como num passe de mágica, e em dois tempos estariam do outro lado. Mas o que fazer com tamanha liberdade? Estavam acostumados a viver no pequeno espaço daquela jaula, fétida de 2x3 metros. E agora, tínhamos o mundo para desbravar, e o que fazer? Podiam dar um passeio por aquela selva de pedra, a cidade. E matar um homem ou mulher e comê-los. Pois na África a terra mãe dos leões, leão se torna perigoso quando já matou um homem, pois assim perdem o medo e descobre que o ser humano é frágil e indefeso. A não ser quando estão armados. Mas não, preferiram ficar ali naquele cercado. E nisso ia juntando gente, um bando de curiosos que arriscavam a vida para verem dois leões soltos. A tal da curiosidade mata. Os mais corojasos chegavam bem próximos e enxergavam os leões deitados, e os gaiatos como então, gritavam lá vem os leões, então era aquele tumulto, mulheres atropelavam crianças, adultos atropelavam mulheres, que caiam e se levantavam e continuavam correndo. E eu com apenas 12 anos, também estava lá e já tinha o meu plano. Se os leões viessem de verdade eu correria ate a casa mais próxima e entraria, e se a dona fechasse a porta, faria como Seu Murilo arrebentava a porta no peito, mas explicando, a porta era de madeira já corroída pelo tempo. Então já dentro da casa, esconderia de baixo da cama, no banheiro ou ate mesmo dentro do guarda roupa com fazem os amantes quando pegos de surpresa. Mas isso não aconteceu, e leões permaneceram lá ate a tardinha quando o domador chegou de Goiânia, com a tarefa de recolocar-los na jaula. Então chegou o domador, vestido a caráter e de costeletas grandes , botas de bico fino e um chicote na mão. Pronunciou algumas palavras de comando, e os leões que haviam comido a eguinha de Seu Murilo, entraram na jaula e assim permaneceram toda temporada que o circo esteve na cidade. Pensando bem, acho que os leões imaginaram:” é não nascemos pra caçar, o nosso destino é viver dentro dessa jaula o resto de nossas vidas”. E assim a cidadezinha pacata, localizada no norte de Goiás continuou a sua vidinha de cidade do interior. Mas para o Seu Murilo, a vida nunca mais foi a mesma. E essa historia de leão, nem o do imposto de renda.
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